Fulni-ô
O povo fulni-ô esta localizado no sertão Nordestino, a aproximadamente 250 quilômetros de Pernambuco. Sua população é de aproximadamente 2700 habitantes. Os Fulni-ô são o único grupo do Nordeste que conseguiu manter viva e ativa sua própria língua - o Ia-tê - e seu ritual, denominado Ouricuri, que hoje praticam no maior sigilo. O município de Águas Belas está localizado em plena Terra Indígena, totalmente circundado pela região Fulniô.

©Roberto Moreyra/Agência O Globo
Processo histórico
O atual assentamento Fulniô está ligado à história da cidade de Águas Bellas e de sua população não indígena desde sua fundação, há mais de 200 anos. Segundo a tradição, foi um homem branco chamado João Rodrigues Cardoso quem iniciou a construção da vila de Ipanema, que anos depois se tornaria Águas Cidade de Águas Belas.
Após os holandeses serem expulsos do estado de Pernambuco, a coroa portuguesa promoveu uma reorganização das tribos indígenas para um maior controle sobre eles. Acredita-se que o aldeamento dessa população tenha ocorrido nessa época.
Cultura
Atualmente, a maioria dos Fulni-ô utiliza apenas a mão-de-obra disponível para a família para o cultivo de suas roças, com área média de 2 a 3 hectares. Geralmente, eles vendem alguns de seus produtos. Produzem ração e algodão principalmente para comercializar todos. Feijão, milho e mandioca são cultivados tanto para venda como para consumo das unidades domésticas.
Uniões interéticas são essenciais para a questão numérica da tribo. No entanto, os filhos dessas uniões, apesar de conviverem estreitamente com os Fulni-ô, sofrem, de acordo com os líderes, por viverem entre dois mundos. Já a população branca, apesar de os considerarem “brancos de mais”, também não os veem como iguais.
Um dos requisitos indispensáveis para participar do ritual Ouricuri é exigir pai e mãe Fulni-ô. Além desse, existe outro requisito: o de assistir ao ritual do Ouricuri desde a mais tenra idade. Quem não o faz perde o direito de participar mais tarde e, portanto, deixa de ser considerado índio Fulni-ô. Assim, todos aqueles filhos de uniões interétnicas que participam do ritual se identificam como índios Fulni-ô e são assim reconhecidos (na maioria dos casos) pelos "brancos" ou "civilizados".