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Terenas

Os Terenas se localizam nos estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. Com uma população estimada em 26 mil pessoas em 2014, os Terena, povo de língua Aruák, vivem atualmente em um território descontínuo, fragmentado em pequenas “ilhas” cercadas por fazendas e espalhadas por sete municípios do Mato Grosso do Sul: Miranda, Aquidauana, Anastácio, Dois Irmãos do Buriti, Sidrolândia, Nioaque e Rochedo. Também há famílias terena vivendo em Porto Murtinho (na Terra Indígena Kadiweu), Dourados (TI Guarani) e no estado de São Paulo (TI Araribá).

©Valter Campanato/ABr - Agência Brasil 

Processo Histórico

Na década de 1760, a pressão crescente dos espanhóis sobre os territórios Mbayá localizados nas margens ocidentais do Paraguai, somada a disputas internas por prestígio guerreiro, forçariam a migração de inúmeros subgrupos Mbayá e Guaná para o lado oriental do rio. Essa migração provavelmente se estendeu até as primeiras décadas do século XIX. Os subgrupos Guaná – Terena, Echoaladi, Layana e Kinikinau – que se estabeleceram ao leste do Chaco, mantiveram contudo no novo território a forma tradicional de organização em metades e estratos sociais endógamos, suas roças e também a aliança com os Mbayá-Guaykuru.

A resistência dos Mbayá-Guaykuru diante do avanço dos paulistas que se dirigiam à região de Cuiabá manteve os Guaná distantes de relações com europeus. Essa situação se manteve até a última década do século XVIII, quando, em 1791, é assinado o tratado de paz entre Portugal e os Mbayá-Guaicuru.

 

Esse tratado permitiu a fixação portuguesa, ainda que incipiente, na margem direita do Paraguai, ao mesmo tempo em que propiciaria o desgaste da aliança Guaná-Mbayá. Um dos sustentáculos dessa aliança, como vimos, era o fornecimento de instrumentos de ferro aos Guaná pelos Mbayá – e que os primeiros começariam a obter independentemente, através do comércio com os portugueses.

Cultura

Da família Aruak, a língua terena é falada pela maioria das pessoas que se reconhecem, hoje, como Terenas. Mas o seu uso e frequência é desigual nas várias aldeias e Terras Indígenas. Por exemplo, em Buriti e Nioaque, são pouquíssimas pessoas que a utilizam. Em outras, como Cachoeirinha, tem casos de jovens que dominam mal o português.

 

De um modo geral, podemos definir os Terena como um povo estritamente bilíngue - entendendo por isso uma realidade social em que a distinção entre uma língua "mãe" (por suposto, indígena) e uma língua "de contato" ou "de adoção" (o português, no caso) não tem sentido sociológico.

Atualmente, os Terenas mantém uma boa tradição agropecuária e dão grande ênfase à criação de diferentes exemplares. Nas terras em que este povo vive, existem grandes extensões de plantações de mandioca. Por meio dela é produzida a farinha de mandioca, essencial para a alimentação Terena. É durante a produção dessa farinha que se extrai o amido que, junto com a calda de tapioca moída, é ingrediente essencial na produção de comidas tradicionais como o Poreú (espécie de mingau), Lapepé (bolo) e Hihi que são a base da dieta Terena. Esses aborígines também cultivam milho, feijão verde, batata-doce e amendoim em suas terras.

O xamanismo de cura através dos curandeiros koixomuneti é outro fator cultural importante nas terras nativas que ocupam. Koixomuneti são orações que funcionam para curar e, mais importante, prolongar a vida por meio de relacionamentos com outros koixomuneti mortos. Assim, esses xamãs ocupam um lugar importante na comunidade Terena. No entanto, é importante observar que o koixomuneti também pode ser assustador, pois algumas pessoas são mais feiticeiras do que curandeiras e podem causar danos à vida das pessoas.

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