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Ticunas
Os Ticunas caracterizam o povo mais numeroso na Amazônia Brasileira. Se distribuem pela Colômbia, Peru e Brasil, nos municípios ao longo do Rio Solimões, no Amazonas, onde se repartem pelas 6 cidades da região: Tabatinga, Benjamim Constant, São Paulo de Olivença, Amaturá, Santo Antônio do Içá e Tonantins. Sua população está distribuída em mais de 20 Terras Indígenas e possuem cerca de 50 mil habitantes espalhados em 200 aldeias.
Processo Histórico
Espanhóis e portugueses lutaram pela supremacia no Alto Solimões desde a fundação dos missionários jesuítas no século 18 (época da colonização do território brasileiro), até que Portugal consolidou seu domínio na área (construindo um forte em Tabatinga). Os temíveis Omágua (também conhecidos como Cambeba), com sua herança guerreira, foram praticamente exterminados no processo, seja por contrair doenças ou por se envolverem em conflitos com as duas potências coloniais. Com o tempo, os europeus não quiseram ou não puderam dominar as áreas outrora habitadas pelos Omaguas, e os Ticuna passaram a ocupar o espaço, descendo dos altos igarapés onde conseguiam evitar o contato mais intenso.
No final do ano de 1981, as lideranças ticunas convocaram uma reunião com a Funai para convocar a demarcação de suas terras. Como resultado dessa pressão exercida, centros de pesquisa, monitorias de saúde e educação foram implementadas na região. Já no ano de 1986, o Centro de Documentação e Pesquisa do Alto do Solimões foi criado, conquistando a desejada delimitação de um milhão de hectares de terra para essa população.
©Arturo Peña Romano Medina
Cultura
A língua utilizada por eles é a Ticuna, e não chega a ser ameaçada no território brasileiro, mesmo com a expansão dos centros urbanos.
A sociedade Ticuna está dividida em metades exogâmicas (só se pode casar com um membro da outra metade) não-nominadas, cada qual composta por clãs. O conjunto de clãs ou nações identificadas por nomes de aves e de plantas. A condição de membro de um clã confere a um indivíduo uma posição social, sem a qual não seria reconhecido como Ticuna. Cada clã Ticuna é constituído por outras unidades, os subclãs.
Os Ticuna praticavam o cultivo de espécies nativas como a macaxeira, o cará, uma espécie de cana-de-açúcar e outros tubérculos. Antigamente, com uma alimentação baseada na carne de caça, a pesca tinha uma importância mínima e era praticada com uma tecnologia de cercados e envenenamento dos peixes com o sumo do timbó. Essa situação, no entanto, se inverteu a partir da ocupação das várzeas do Solimões. Hoje, a pesca é uma das atividades produtivas mais importantes para os Ticuna.